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Afinal, apenas futebol...

A falta de identificação com os valores e o impacto da falta de apoio à Seleção Brasileira de Futebol. A pessoa do jogador no divã do país do futebol.

Menino jogando bola. Foto: Wix.
Menino jogando bola. Foto: Wix.

Pode ser paixão, pode ser que seja realmente um retrato de uma fração da nossa realidade, reflexo da sociedade, de nossos desejos, anseios e frustrações. E, talvez, seja esta a explicação pela falta de empatia para com o selecionado brasileiro nos últimos anos.


Uma equipe que esteve a ponto de escrever um novo capítulo da história nesta edição de Copa América, mas optou pelo lugar comum. Seriam reféns de seus contratos todos aqueles que antes inflamados permitiram o entendimento ou não negaram o descontentamento com a realização da competição nas condições e circunstâncias que até aqui foi realizada?


Haveria espaço para nossos jogadores, assim como o utilizado pelo Luis Suárez - Uruguai e Marcelo Moreno - Bolívia, para criticar a realização da competição abertamente?

Quando foi que nossos jogadores passaram a se incomodar e criticar o patriotismo apenas daqueles que preferem a Argentina campeã? A escolha de muitos está pautada nos valores. Não que os argentinos tenham uma identificação com boa parte de nossos valores. Mas nosso selecionado deixou de ter ou demonstrar tal identificação à medida que se posiciona pouco em questões importantes, estando acima do tom para questões que antes eram tratadas como 'apenas futebol'.


Futebol e sociedade caminham juntos, frutos um do outro. Projetos de si mesmos, pensados e orientados para comunicarem as mensagens que desejam aos seus interlocutores. Tal importância é ressaltada pelos anunciantes, pelos patrocínios, pela exposição. E neste mesmo sentido e recorte, silêncio é posicionamento. Na contrapartida, a falta de empatia do público é a resposta à Seleção, à CBF, e aos jogadores que representam este time.


A falta de liderança, ou uma liderança que não representa a maioria dos desejos da população do país é notável. O Brasil precisa entrar definitivamente no século XXI sem se deixar alienar. Viver é um ato de resistência, o ser humano por natureza é um ser político. Que possamos recuperar o elo com os valores que nos movem, ou que saibamos lidar com as críticas a respeito dos valores que promovemos.





Bruno Velasco

Agência ZeroUm

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