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Foto do escritorAgência ZeroUm

A linguagem adequada, crianças e o novo normal

Atualizado: 19 de set. de 2020

Pais e adultos se reinventando na hora de comunicar.

Os tempos são diferentes, as necessidades e a linguagem deve se adequar ao momento de forma manter com a criança uma comunicação capaz de entender suas necessidades e, ao mesmo tempo, dar a entender a realidade que a cerca.


A COVID-19 trouxe consigo inúmeros desafios, dentre estes está a capacidade que devemos ter de comunicar bem. Em tudo o que fazemos há comunicação. E para tê-la, existe alguma linguagem preestabelecida, organizada e entendida por ambos os lados. Esta permite que a mensagem apesar do meio seja codificada e, assim, entendida.


Nos dias de hoje, quase tudo aquilo que representa o meio ou a realidade que conhecemos mudou ou está, temporariamente, em desuso. E é neste contexto que seguimos vivendo. Dentro de um novo normal que não reconstrói nossas referências, mas nos impõe novas realidades. Dentre os adultos, a tarefa não é fácil. Para com as crianças, um desafio ainda maior.


A Agência ZeroUm convidou o Psicólogo José Renato Velasco para ajudar a entender a comunicação que devemos adotar, neste momento tão delicado, para com as crianças.


O profissional relata que as crianças estão passando por muitas mudanças como a interrupção da realidade escolar, o parquinho ao qual não se pode ir brincar, o amiguinho com o qual perdeu contato, os avós cujas visitas já não ocorrem mais por questão de precaução, a maior permanência dos pais em casa, entre tantos outros. Um mundo repleto de significados foi modificado em um curto espaço de tempo.


Neste recorte de confinamento, pode ser comum que a criança apresente algumas reações emocionais e comportamentais.


"É importante considerar a forma de elaboração da criança, dialogar, ouvir dela suas representações, considerar a linguagem infantil e explicar a ela o que acontece. Mostrando-se sempre disponível para que todos os pensamentos e emoções que estejam acontecendo com ela sejam compartilhados".

José Renato ressalta que a percepção de disponibilidade do adulto com linguagem adequada por parte da criança é uma condição de suporte importante. As crianças não possuem a mesma capacidade de abstração de um adulto. A linguagem precisa ser acessível, clara. Capaz de compreender e fazer entender o cenário em que estamos vivendo.


Psicólogo José Renato Velasco
Psicólogo José Renato Velasco

"Nunca devemos desconsiderar as preocupações da criança com frases do tipo 'isso não é nada'; 'Não fique assim'; não precisa pensar nisso'; e nem mesmo catastrofizar o futuro e comentando possibilidades que sequer se desenharam, que confirmem apenas nossos pensamentos".


Linguagens e atitudes de compreensão, amor, atenção, carinho e afeto precisam ser consideradas sempre. Estar apto e disponível é mais que estar simplesmente presente. É preciso que acessemos a criança.


Uma conversa, com escuta ativa, atenta pode ser capaz de entender e acolher suas emoções. Devemos nos propor a revisar os pensamentos da criança para entender aqueles que possam estar associados à ansiedade. E conforme formos evoluindo, gradativamente e sistematicamente, devemos estimular o enfrentamento para com seus medos. Encorajando a criança a reconhecer cada conquista.


Velasco deixa uma dica pra toda família:


"Tentem diversificar a rotina. Insiram programações descontraídas, educativas. E que favoreçam, é claro, além da união da família, a construção de um ambiente leve e divertido.

No contexto de tudo que abordamos, é certo que um novo cenário se desenha, apesar de inúmeras incertezas. E não, necessariamente, precisamos entender este 'novo normal' como algo que não seja bom. Ele o é à medida que compreendemos as condições que temos no momento.



Bruno Velasco

Agência ZeroUm







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